Carência Emocional e Relacionamentos de Risco
Carência Feminina e Masculina Pedem mais Empatia.


Hoje 13 de agosto de 2024, ao navegar pelo Instagram, me deparei com um vídeo de um influenciador de Brasília/DF. Ele relatava uma situação que vivenciou ao utilizar o serviço do Uber. Basicamente, ele contou que o motorista do Uber comentava sobre a carência das mulheres e como isso facilitava para ele “pegá-las”. O motorista mencionou que frequentemente levava mulheres a encontros e, ao saber que estavam indo conhecer alguém, isso porque elas comentavam que estavam indo a um encontro, ele as entregava seu cartão e se colocava à disposição caso elas se sentissem em perigo. O resultado era que, em pouco tempo, as mulheres ligavam de volta, já querendo ir embora. O influenciador, em seu discurso, sugeria que, atualmente, as mulheres estão muito carentes, o que facilita para os homens, pois em sua carência, caiam em qualquer conversa e já iam ao encontro de qualquer pessoa.
Esse vídeo chamou minha atenção por vários motivos. Primeiro, porque a figura principal do relato era o sexo feminino. Segundo, porque o relato enfatizava apenas a carência feminina como motivo para os homens “conquistarem” as mulheres. E, em terceiro lugar, porque em nenhum momento o influenciador chamou a atenção do sexo masculino sobre o quão desrespeitoso é usar uma fragilidade emocional para tirar proveito de uma pessoa, independentemente do sexo.
Por isso, resolvi escrever este artigo para chamar a atenção de todos. Não são apenas as mulheres que sofrem de carência emocional atualmente; os homens também enfrentam esse desafio, tanto ou mais que as mulheres, e isso tem suas razões. Além de que, não é somente a carência emocional que leva uma pessoa, independentemente do sexo, a se envolver em uma relação de risco. Existem diversos fatores, como histórico familiar, traumas passados, dependência financeira e falta de rede de apoio, que também desempenham um papel crucial nesses momentos.
A carência emocional é, sem dúvida, um fator significativo que pode levar uma mulher a se expor a relacionamentos de risco. No entanto, não é o único como já mencionado no parágrafo anterior e todos merecem um olhar mais atento por homes e mulheres. Um deles é inclusive fatores herdados do sistema de origem. A exemplo disso, é importante observamos pontos como os que seguem.
Podemos começar com uma realidade muito comum ainda entre mulheres em nosso país e pelo mundo, estou falando da falta de recursos próprios, ou seja, uma mulher que não consegue ter sua própria renda por algum motivo e isso acaba por criar uma sensação de aprisionamento, gerando uma dependência financeira e fazendo com que a mulher se torne refém de uma relação abusiva, destrutiva física e emocionalmente e se essa relação finda, consequentemente, ela se perceber, vai acabar em outra igual, a menos que receba ajuda.
Outro fator muito comum que tem forte impacto em uma realidade assim, é o histórico familiar, pois padrões de comportamento aprendidos na infância podem influenciar as escolhas de relacionamento na vida adulta. Por exemplo, quando uma criança crescer em um ambiente repleto de violência, onde a presença do abuso psicológico, do abuso físico, do abandono e outros são vistos e entendidos como “normais”, ela vai crescer acreditando que esse tipo de comportamento é o que significa família, amor, relacionamento e acaba de forma inconsciente indo em busca desse mesmo tipo de relação para si.
Também pesa muito nessas escolhas, a falta de uma rede de apoio, como amigos e familiares, quando se tem uma rede de apoio, essas pessoas têm grande chance de serem a base de força para que aquele indivíduo que esteja numa relação perigosa possa sair e se cuidar, ou até mesmo nem chegue a entrar em um.
Olhando para a questão emocional podemos observar que pessoas que sofrem com BAIXA ESTIMA, são mais suscetíveis a relacionamentos de perfil prejudicial, no entanto, é importante se atentar que a baixa estima possui um motivo de estar ali, é necessário olhar e tratar essa raiz. A baixa estima pode estar ligada, por exemplo, a experiências negativas na infância, bullying, excesso de cobrança e críticas, além de relacionamentos abusivos, comparações sociais, influências culturais, midiáticas e religiosas e traumas passados.
Ao falarmos da mulher, é importante lembrar que o homem também tem suas fragilidades e isso é normal. Por isso, é essencial que todos nós, como sociedade, reconheçamos e respeitemos as vulnerabilidades emocionais uns dos outros.